De onde surgiu o Paganismo?

 


De onde surge o paganismo?


Se desde o princípio Adão e Eva conheciam a Deus, de onde surgiu o paganismo?

Primeiramente, podemos discutir se homens como Ninrode e outros líderes nacionais do passado foram pessoas endiabradas, dominadas por espíritos e anjos caídos. Isso poderia ter lhes imputado tal conduta, influenciando e gerando a iniquidade e o paganismo dos povos. Minha teoria é de que as distorções demoníacas e a rebeldia do pecado, passadas entre gerações e intensificadas pelos meios sociais dos grandes impérios, foram desviando cada vez mais o ser humano de Deus, fazendo com que as gerações seguintes não o conhecessem nem o buscassem. Pelo contrário, passaram a adorar as coisas criadas deste mundo. No entanto, o foco deste texto será sobre o princípio físico (e não espiritual) dos cultos pagãos.

Ao analisarmos as tabelas das nações e as genealogias de diversos povos antigos, percebemos que muitos nomes nórdicos, egípcios, babilônicos, entre outros, eram nada mais que nomes de ancestrais — heróis históricos daqueles povos. Ou seja, os cultos partiram da adoração aos ancestrais. As famílias se reuniam ao redor do fogo e lembravam desses antepassados, não como presença real, mas como símbolos com significados que lhes davam explicações para suas identidades. Aí surgem os mitos.

Tais mitos explicavam por que a família era daquele jeito, por que tinham tal temperamento, por que deveriam ser unidos em torno das suas propriedades, como seus antepassados as haviam conquistado, por que viviam naquela terra e quem lhes ensinara a agir daquela forma. Tudo era sistematizado e explicado por meio das conquistas dos ancestrais. Esses antepassados forneciam respaldo, sentido, motivação e unidade, explicando suas origens e propósitos.

Com o passar do tempo, esses mitos foram sendo envolvidos em lendas sobre milagres, batalhas épicas e autoridades sobre outros povos que, de fato, os antepassados não tinham. Assim, as gerações seguintes começaram a crer que seus antepassados se tornaram estrelas, que os observavam ou permaneciam presentes de alguma forma. Surgiram então diversas crenças sobre como essa “presença” se manifestava: em objetos, nos astros, na reencarnação, em animais, fantasmas, sonhos ou por meio de xamãs. Os ancestrais, agora, não apenas explicavam o passado, mas podiam agir no presente.

Com o surgimento das pólis romanas e gregas, os povos passaram a buscar deuses da cidade, mitos não mais centrados em uma única família, mas em histórias que explicassem e unissem várias famílias. Esses deuses representavam propósitos comuns, criavam temor e respeito, sendo eficazes ferramentas políticas para gerar unidade entre famílias de diferentes origens.

É notório que os deuses gregos e romanos foram importados da Índia e de outros impérios anteriores. Gregos e romanos incorporaram deuses estrangeiros ao seu panteão — inclusive do passado babilônico — como uma forma de criar narrativas abrangentes para todos, ancestrais mais universais, que pudessem ser representados nos templos das novas cidades.

Nesse processo de busca por unidade, os filósofos gregos criaram um sincretismo religioso, indo cada vez mais longe na tentativa de encontrar um passado comum. Contudo, distanciados da verdadeira narrativa do Deus de Israel, passaram a tratar essências humanas como explicações divinas. A guerra, a festa, a beleza, a sabedoria, entre outros elementos, passaram a representar aspectos culturais das famílias, explicando por que certos povos eram guerreiros, filósofos ou artistas.

Assim, o culto aos ancestrais foi diminuído, dando lugar aos deuses da pólis, os deuses tribais agora são menores do que os deuses da polis, personificações de virtudes e vícios humanos. Para alguns, as origens deixaram de ser os antepassados e passaram a ser um mito transcendental, de seres superiores. Os deuses gregos são, portanto, projeções das paixões e virtudes humanas, que ora se assemelham a anjos, ora a demônios, pois são expressões da própria humanidade.

É nesse contexto que Israel surge com a primeira concepção de um Deus sem fronteiras, com autoridade sobre todos, totalmente transcendente — não ancestral, nem mera figura humana —, que domina sobre Egito, Babilônia e qualquer outro povo. Ele manifesta sua autoridade subjugando todos os outros deuses e exige um amor ágape, não baseado em amizade, sangue ou cidadania, mas em aliança com todos os povos. Para isso, são necessários mandamentos que regulem essa vida comunitária, tornando o amor visível. É com os hebreus que surge a primeira religião verdadeiramente divina.

A ideia religiosa dos primeiros séculos — antes dos hebreus — não era equivocada no motivo, mas na conclusão. Aqueles povos não eram ignorantes; pelo contrário, tinham conhecimentos sofisticados em agricultura, metalurgia, navegação e até mesmo ceticismo. O ateísmo não é um fenômeno moderno. O cérebro humano naturalmente busca padrões e coerência: isso nos ajuda a sobreviver e entender o mundo. Por exemplo, se alguém vê várias pessoas sendo atropeladas por carros, começará a associar carros em alta velocidade a perigo de vida. Da mesma forma, traumas e decepções podem criar associações distorcidas, como uma garota que se sente mal ao ver suco de laranja industrializado por ter sido agredida por um ex-namorado que amava esse suco.

Religiões, em geral, surgem da tentativa de encontrar causas e padrões morais, existenciais e espirituais. Essa mesma busca levou à descoberta de padrões verdadeiros, como a matemática, mas também alimentou ilusões como horóscopos, runas e superstições. O mundo revela causalidade e ordem. É tolice observar isso e não perceber que há uma inteligência por trás de tudo. Quando essa percepção nos leva a um Criador inteligente e racional, ela é verdadeira. Mas os antigos muitas vezes acabavam enxergando padrões falsos ou distorcidos, como o panteísmo ou o politeísmo.

Surgiram, então, três formas principais de pensamento religioso, que deram origem a muitas crenças:

  1. A ideia de que os padrões do mundo vinham de uma ordem divina inteligente (o que é correto), mas com a crença de que cada padrão tinha um deus próprio — ou seja, o politeísmo. Eles viam o amor, a sabedoria, a guerra, o sol e a lua como entidades inteligentes e tentavam entender como esses padrões interagiam entre si. Alguns viam isso de forma metafórica, outros de forma literal. A explicação física da natureza não era prioridade para eles; o mais importante era o significado e como deveriam agir diante do mundo.

  2. A adoração aos ancestrais, transformados em mitos ou divindades. Assim como no caso anterior, o foco não era a realidade, mas o significado prático e moral da crença.

  3. A visão mais rudimentar e confusa dos descendentes de Adão ou Noé, que sabiam da existência de um mundo espiritual, mas não compreendiam sua estrutura, hierarquia ou propósito. Ouviam fragmentos sobre Deus, sobre a árvore da vida, sobre os nefilins, e criavam teorias próprias sobre os nomes, ações e personalidades dos primeiros seres humanos. Essas histórias, transmitidas de forma incompleta, davam origem a vários mitos primordiais e deuses tribais.

Os primeiros pagãos eram pessoas que tinham conhecimento sobre sacrifícios e sobre o mundo espiritual, mas não sabiam discernir a verdade. Por isso, acabavam criando deuses conforme seus próprios desejos e costumes, misturando ideias sobre anjos, anjos caídos, ancestrais e elementos culturais importantes — como a caça, a agricultura ou a força de guerra —, atribuindo a tudo isso uma força divina por trás.


Palavras-chave: paganismo, origem do paganismo, adoração aos ancestrais, deuses gregos, politeísmo, religião antiga, mitologia, sincretismo religioso, Deus de Israel, história das religiões, crenças antigas, espiritualidade bíblica, culturas antigas, religião comparada, teologia cristã, idolatria, mundo espiritual, povos antigos, religião e cultura, fé e razão.

Postar um comentário

0 Comentários

Ad Code

Responsive Advertisement