Capítulo 13 - O Peso Histórico da Ressurreição de Cristo
Se Jesus realmente ressuscitou, isso significa que deveríamos escutar o que Ele está dizendo sobre Deus e o céu. Esse é o centro da fé cristã. Foi assim que os primeiros que ouviram se sentiram: se a ressurreição fosse verdadeira, significava que eles não poderiam mais viver ignorando aquilo. Se a ressurreição é verdadeira, não temeríamos mais as espadas romanas e saberíamos que, se Cristo estava certo nessa promessa, Ele também estaria certo nas outras.
O caso da ressurreição não impõe um ônus da prova apenas sobre os cristãos; os descrentes também deveriam tentar explicar: se Cristo não ressuscitou, o que mais explicaria tais eventos? Os primeiros relatos sobre o túmulo vazio e a aparição de Cristo surgem nas cartas de Paulo, escritas cerca de apenas 15 anos após o fato. Paulo afirma, em suas cartas públicas (que eram lidas em voz alta para a comunidade), que Cristo não apareceu apenas a ele, mas também a centenas de testemunhas que poderiam ser consultadas para confirmar o fato. Ou seja, qualquer um que duvidasse podia procurar provas. Era um desafio direto e fácil de ser aceito, já que, durante a Pax Romana, viajar pela região do Mediterrâneo era seguro e acessível. Paulo não teria feito tal desafio se essas testemunhas não existissem.
Embora alguns afirmem que essas histórias foram resultado de um grande "telefone sem fio", estudos antropológicos recentes mostram que as culturas antigas faziam nítida distinção entre fatos históricos e histórias simbólicas, onde não era permitido alterar relatos. Além disso, não faz sentido que a história tenha sido inventada. A posição social das mulheres era inferiorizada para testemunho; sendo assim, por que a igreja inventaria que as primeiras testemunhas oculares foram mulheres, se isso, na verdade, enfraquecia o relato? Se elas tivessem visto apenas um túmulo vazio, ninguém teria presumido uma ressurreição — pensariam que o corpo havia sido roubado. O mesmo ocorreria se apenas uma pessoa tivesse relatado ter visto Cristo, afinal, era comum relatos de pessoas dizendo terem visto entes queridos. Apenas com os dois elementos juntos — várias testemunhas e o Cristo ressuscitado visivelmente — é que se poderia chegar à conclusão do que realmente aconteceu.
Conforme diz Wright, o volume de evidências para a ressurreição de Cristo é muito confiável e sólido, ao contrário do que pensam muitos esnobes cronológicos (aqueles que acreditam ser muito mais racionais que os povos antigos). As coisas não são assim. Para todas as cosmovisões dominantes da época, uma ressurreição corpórea e individual era quase inconcebível. Segundo a mentalidade greco-romana e oriental da época, a alma era boa e a carne era uma prisão decaída; o objetivo, portanto, era sempre se libertar dela, e não ressuscitá-la. Se a alma era eterna e o corpo estava em processo de decomposição, a ressurreição era impossível, além de indesejada. Para os judeus, a concepção da carne era diferente: ela era boa como parte da criação, mas a ressurreição só aconteceria coletivamente, quando toda a terra fosse restaurada.
A teoria de que os seguidores tiveram uma alucinação coletiva é absurda não apenas por ser coletiva, mas também porque todos eles seriam céticos em relação a algo que tivessem visto de forma ilusória. Os apóstolos jamais cogitariam roubar o corpo, pois a simples ausência do corpo jamais levaria a mentalidade judaica da época a considerar uma ressurreição. Eles só teriam duas opções, caso quisessem continuar com algo sem a ressurreição: encontrar outro líder ou desistir.
Segundo Wright, a história demonstra que uma alteração tão colossal na mentalidade de milhares de pessoas, que viria a mudar o mundo, só poderia ocorrer em um grupo de indivíduos ao longo de um longuíssimo período de tempo. Normalmente, são necessários anos de debates e polêmicas envolvendo numerosos pensadores e escritores para que uma ideia ganhe força. (O comunismo moderno sabe disso.) É assim que cosmovisões se modificam na história. No entanto, a visão cristã da ressurreição, absolutamente inédita, surgiu já cristalizada na mente daquele povo. Ela não passou por um processo de desenvolvimento. Ninguém, entre os primeiros seguidores, apresentou outra teoria plausível. Todos seguiram tal fato sem medo de afirmar ou batalhar contra as críticas. E, mesmo tendo muitas ao longo dos milênios, a fé se manteve de pé.
A pergunta ao cético, então, é: como um grupo de judeus do primeiro século passaria a adorar um ser humano como se ele fosse divino? As religiões orientais sempre tratavam Deus como uma força impessoal — menos os judeus. Mas, no caso deles, afirmar que um homem era Deus era uma completa blasfêmia. No entanto, milhares de judeus começaram a adorar Cristo do dia para a noite. É amplamente aceito que o hino a Cristo como Deus, citado por Paulo em Filipenses 2, tenha sido escrito poucos anos após a crucificação.
Como disse Pascal: "Eu acredito naquelas testemunhas cujo pescoço é cortado." Praticamente todos os apóstolos e os primeiros líderes cristãos morreram por sua fé sem hesitar. É difícil acreditar que alguém entregaria sua vida com tanta convicção para sustentar uma mentira.
O cético, então, não pode apenas dizer: "Isso não pode ter acontecido." Ele precisa responder a todas essas perguntas históricas. É importante lembrar que nada na história pode ser provado da mesma forma que provamos coisas em laboratório. No entanto, a ressurreição de Jesus é um fato histórico com mais confirmações do que a maior parte dos outros acontecimentos que damos como certos. Se não sabotarmos os fatos, invocando um preconceito filosófico de que milagres são impossíveis, a ressurreição de Jesus é, e continua sendo, a maior prova de que eles existem. Mas, infelizmente, muitas pessoas apelam para a sabotagem da investigação: ao invés de se dar ao trabalho de responder as perguntas e seguir para a direção em que as respostas apontam, elas se escondem atrás da objeção inicial: "Milagres são impossíveis."
Assim como você, os primeiros judeus também achavam a ressurreição algo inconcebível. A única maneira de isso ter ocorrido é a mesma que sugiro hoje: deixar que as provas alterem sua cosmovisão, ou seja, sua posição de que milagres podem sim ocorrer. Aqueles que se preocupam com os males do mundo devem também desejar que isso seja verdade. Afinal, a ressurreição demonstra que, em nosso mundo, a injustiça, a violência e a degradação são endêmicas. Deus não está disposto a tolerar tais coisas.
0 Comentários