"O cristianismo sobreviveu apenas porque foi se adaptando as demandas e as descobertas"





O cristianismo sobreviveu apenas porque foi se adaptando as

 demandas e as descobertas


É muito comum ouvirmos por aí que o cristianismo sobreviveu e se espalhou pelo mundo "apenas porque foi se adaptando às demandas e às descobertas" de cada época, ou seja, teria se moldado ao espirito das épocas para satisfazer os interesses das classes dominantes de cada período. No entanto, quero te convidar a refletir sobre o porquê essa ideia, na minha visão, é um grande mal-entendido. O centro da questão não está em se adaptar, mas sim em contextualizar a mesma e eterna Verdade.

Primeiro, é bom lembrar: a adaptabilidade não é, por si só, um critério de sucesso para uma crença. Se fosse, o paganismo teria vencido. Pensa comigo: o paganismo era o círculo de crenças que mais se adaptava, pois sincretizava qualquer novo deus em seu panteão e possuía uma liberdade individual e relativa de crenças. Mesmo assim, ele sucumbiu e desapareceu (oficialmente) como força dominante. Sendo assim, a adaptabilidade radical, que se moldava a qualquer situação ao ponto de mudar sua essência, não impediu sua queda.

O cristianismo não se adaptou, que se refere a se moldar a uma situação, a mudar para caber no lugar. O cristianismo se contextualiza, porque ele é verdadeiro. Contextualizar significa manter a mesma verdade imutável, mas explicá-la e praticá-la de uma forma que faça sentido dentro de um contexto específico. É como pegar a essência de algo e permitir que ela se manifeste de maneira compreensível no novo ambiente, sem alterar sua natureza.

Para deixar isso mais claro, vamos ao exemplo do jogador:

  • Um atleta de futebol que se muda para uma cidade onde se pratica apenas rugby e, por isso, começa a jogar rugby, é alguém que se adaptou. Ele mudou de esporte para caber no lugar.

  • Agora, se esse jogador improvisou uma trave, um gol e começou a jogar futebol em um campo de rugby, ele contextualizou seu esporte. Ele pegou a parte essencial de sua prática (chutar a bola na trave) e fez com que ela pudesse ser exercida no novo ambiente, mantendo a essência do futebol.


A Coerência da Verdade em Todos os Tempos

Se o cristianismo é verdadeiro, é natural que ele tenha interação com toda a realidade. Quando algo consegue dialogar e explicar toda a nossa existência, isso não o torna menos verdadeiro, mas sim demonstra pelo contexto que ele é a Verdade, pois é abrangente e coerente.

O fato de o cristianismo ter dialogado com todas as épocas sem ter alterado sua mensagem principal – o Evangelho – mostra exatamente o contrário de ter se adaptado. Mostra que a sua mensagem, por ser verdadeira, é supra-histórica, ou seja, ela é coerente e relevante para todos os lugares e todas as épocas.

É evidente que o cristianismo mantém seu chamado à ortodoxia. Conforme os cristãos amadurecem em sua fé, é natural que muitos se aproximem de igrejas e práticas mais tradicionais. Os primeiros cristãos também precisavam de uma contextualização ao ouvirem o evangelho pela primeira vez, sim, mas o processo que se seguiu não era deles moldando o Evangelho, mas sim eles que, aos poucos, eram moldados pela ortodoxia.

A afirmação de que o cristianismo se moldou é até paradoxal, pois, ao mesmo tempo, uma das principais críticas feitas contra ele é que ele teria imposto sua cultura ocidental às minorias. Entretanto, a realidade que observamos é outra: o cristianismo contextualiza sua mensagem, mas é um processo inevitável que os cristãos recém-convertidos eram quem aos poucos assimilavam a cosmovisão cristã, e não o contrário. A verdade sempre transforma o contexto, não o contrário.


palavras chave: cristianismo, contextualização, adaptabilidade, paganismo, verdade, evangelho, cosmovisão cristã, ortodoxia, igreja, cultura

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