Ideologias Sempre Fazem Sentido, Mas....


 "Mas a ideologia/filosofia ‘tal’ faz muito sentido"


O problema desse famoso “tal ideologia faz sentido” é justamente o seu caráter reducionista. Ela faz sentido, sim, mas faz sentido de forma limitada. Essas teorias modernas começam porque tropeçam em um fato inegável da realidade e, a partir daí, agem como se tivessem descoberto o todo absoluto. É exatamente aqui que nascem as ideologias. O que elas fazem é recortar a realidade, reduzi-la, e por isso acabam parecendo plausíveis. Elas buscam oferecer uma explicação coerente, mas uma explicação que serve apenas para uma experiência humana isolada, e que, na prática, não dialoga com harmonia, nem explica os outros aspectos importantes da realidade. Muitas vezes, aliás, não explicam nem mesmo as questões mais essenciais, como a lógica.

É justamente por isso que essas ideologias parecem fazer sentido: porque falam verdades desconectadas, verdades soltas. Elas se constroem sobre um erro epistemológico de contexto — pegam uma parte da realidade e tentam transformá-la na explicação de tudo. Vamos tomar o marxismo como exemplo. O marxismo realmente parte de fundos de verdades econômicas do período da Revolução Industrial. O problema é que ele reduz tudo à luta de classes, como se essa fosse a chave que explica desde a origem dos problemas, passando pelo desenvolvimento humano e chegando até à solução de tudo. É como se essa dialética fosse suficiente para dar conta de toda a complexidade da existência. E não é.

É o mesmo que pensar no famoso paradigma do cavalo. Como se desenha um cavalo? Simples: desenhe um unicórnio e apague o chifre. Mas e como se desenha um chifre? Fácil: desenhe um unicórnio e apague o cavalo. Percebe o ponto? Essa é a armadilha. Muitas filosofias apresentam elementos que fazem sentido — e isso é inegável —, o problema é que elas não se sustentam no mundo real e não são coerentes com o que sabemos da verdade maior. Elas são como desenhos incompletos: parecem certos, mas não fecham o ciclo. Não se encaixam no todo.

É importante perceber que o ser humano sente uma necessidade quase instintiva de buscar explicações rápidas e soluções simples para problemas complexos. Isso abre espaço para que ideologias reducionistas ganhem força, porque elas oferecem exatamente isso: respostas prontas, que parecem lógicas num primeiro olhar, mas que ignoram a profundidade e a riqueza da experiência humana. O mundo, no entanto, não é uma equação simples. O mundo é uma tapeçaria de múltiplas causas, camadas e relações que não podem ser resumidas a uma única explicação, por mais elegante que ela pareça ser. Quando tentamos encaixar tudo à força dentro de uma teoria limitada, o resultado é que ignoramos outras realidades e acabamos nos fechando para a complexidade da verdade.

Além disso, precisamos entender que o perigo dessas ideologias não está só no fato de serem incompletas, mas no impacto prático que elas têm quando aplicadas como verdade total. Ao tentar moldar o mundo real a partir dessas teorias fragmentadas, o que vemos é a geração de novos problemas, porque a vida sempre vai escapar das fórmulas que tentamos impor sobre ela. É por isso que tantas tentativas de transformar sociedades com base nessas ideias acabam gerando consequências desastrosas. Quando a explicação de tudo se baseia em um pedaço pequeno da realidade, o que sobra é uma visão distorcida, que pode até parecer bonita no papel, mas que falha na hora de encarar a vida como ela realmente é.


Palavras chave: ideologias modernas, reducionismo filosófico, marxismo, epistemologia, filosofia crítica, luta de classes, verdade absoluta, realidade complexa, erro epistemológico, marxismo crítica, unicórnio paradigma, ideologias sentido, teorias incompletas, filosofia e lógica, explicação da realidade

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