Mulher que se casava sem ser virgem morria apedrejada conforme Deuteronômio?

 


Mulher que se casava sem ser virgem morria apedrejada conforme Deuteronômio.


Essa pergunta se baseia no seguinte texto:

Deuteronômio 22:20-21 (NAA):
"Porém, se isso for verdade, se a moça não for encontrada virgem, então levarão a moça à porta da casa de seu pai, e os homens da sua cidade a apedrejarão até que morra, porque cometeu um ato infame em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai. Assim, eliminarás o mal do meio de ti."

Então, mulher que se casava sem ser virgem morria apedrejada? Na verdade, não! O noivado, nessa época, era um ato legal e, quando a moça se "entregava" como virgem, e na noite de núpcias fosse constatado o rompimento do hímen, ficava caracterizada uma traição (e um possível calote, roubo, já que era pago uma boa quantia em dote). Para evitar esses transtornos, havia uma pena bastante rígida em relação a isso. No entanto, a afirmação da pergunta não é válida, pois a mulher poderia sim se casar sem ser virgem. Basta avançar um pouco mais nos capítulos do mesmo livro citado, mais precisamente em Deuteronômio 24:1-3, onde é mostrado que a mulher poderia casar-se mais de uma vez e, logicamente, nesse caso, a mulher teria que casar sem virgindade.

Esse versículo fala de algo específico: uma mulher que dormiu com um homem era obrigada pela lei a se casar com ele, caso contrário, seria adultério. Mulheres que faziam sexo apenas por prazer eram consideradas prostitutas, afinal, essa prática oferecia prazer sexual, prejudicava casamentos, estragava a imagem feminina, exaltava a carne, estimulava diversas práticas sexuais prejudiciais. Naquele período, enganar sobre a virgindade era algo extremamente sério, não apenas por uma questão moral, mas também por questões práticas de saúde e segurança familiar. Hoje, nós temos exames preventivos, tratamentos médicos, métodos de controle de doenças, mas naquela época não existiam esses recursos. Uma pessoa que já havia se relacionado sexualmente com outros poderia carregar doenças sem saber, e essas doenças poderiam afetar diretamente o marido e, pior ainda, prejudicar a saúde dos filhos que viessem a nascer. Era uma questão de proteção social, de preservação da linhagem e até de sobrevivência. Mentir sobre isso não era apenas ferir um contrato, era colocar em risco a saúde e a estrutura da família.

Além disso, o respeito ao nome, a honra da casa e a palavra dada eram ativos preciosos, porque naquela cultura a reputação era a base para os negócios, as alianças e a própria sobrevivência social. Perder a honra não era só perder respeito, era perder espaço, perder oportunidades, perder proteção. A mulher, inclusive, poderia informar seu noivo anteriormente que já havia se relacionado com outro homem — isso não era um problema insolúvel. O problema estava justamente na mentira, no engano, em fingir ser alguém que não era. Consumando a união legal com base nessa mentira, isso era tratado como um crime grave, como uma fraude social e familiar, porque o casamento naquela época era um pacto público e um acordo jurídico, não apenas uma relação afetiva. Era um acordo de confiança, de construção de uma casa, de segurança para as gerações futuras.

Mentir sobre isso quebrava completamente a estrutura de confiança que sustentava aquele mundo. Era mais do que trair um homem — era trair o sistema de proteção que amarrava famílias, terras, dotes, heranças, e tudo que envolvia a vida em sociedade. Por isso a pena era tão severa. Era um recado claro: a verdade é fundamental, a fidelidade é inegociável e a mentira, nesse contexto, era vista como um veneno que poderia corroer uma família e até uma cidade inteira.

Perceba então que o casamento, na época, era um ato legal. Quando a moça era dada por noiva ainda virgem, o casamento envolvia confiança, talvez dote, fidelidade... Mas, se na noite de núpcias fosse constatado que não havia virgindade, ficava comprovada a traição, que, segundo as leis civis da época, tinha pena de morte. Afinal, ela não apenas não era virgem, mas também enganou o homem com quem se casava. A mulher podia casar mais de uma vez (Deuteronômio 24:1-3), e já que ela não podia restaurar o hímen, teria que casar sem virgindade.

Você pode não concordar, mas quem é você para julgar a justiça de Deus? Veja o que a maldade humana rendeu: prostituição, sexo casual e traições prejudicaram a sociedade de maneira imensurável. Bilhões de crianças sem pai, sem mãe, entregues à vida sexual precoce, pré-adolescentes com filhos no colo, casamentos destruídos, erotização e objetificação das mulheres, violência doméstica, etc. Quem é o ser humano para criticar a lei de Deus? Foi Deus quem ensinou que violência é errada. Por acaso o ser humano é santo para dizer a Deus o que é correto? A lei não foi criada para ser executada o tempo todo, mas para impedir a maldade. Todos sabiam previamente da lei. Bastava não praticar esses atos, e não seriam punidos. Mas a lógica secular ocidental parece sugerir que o ser humano pode corromper, desrespeitar e, ainda assim, deveria receber flores por isso?

Deus estava criando uma sociedade diferente, separada das condutas nojentas da época. A punição severa era primordial para reprimir atos imorais e evitar a contaminação do povo. Lembrando que esses casos hoje demonstram a lei moral de Deus, mas a misericórdia, no lugar da punição, é bem-vinda, já que podemos ser purificados pelo Espírito Santo. As más atitudes da sociedade, embora sejam horríveis, não irão nos sujar nem nos afastar de maneira definitiva de Deus. Por isso, creio que as punições hoje devam ser legisladas pelo Estado, mas sempre vistas sob a ótica da moral cristã.


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