Por que as nações cristãs colonizavam como se fossem melhores?
Algumas pessoas se perguntam por que os impérios e nações cristãs colonizaram tribos e territórios bárbaros, impondo sua cultura. Isso não seria errado? Primeiramente, devemos entender que há uma mistura de fatos diversos envolvidos nesse assunto. A Igreja participava das colonizações para evangelismo e, muitas vezes, para ajudar moralmente os povos colonizados. O papel de usufruir do território e das riquezas de determinada região era, em grande parte, dos Estados, reis, monarcas etc. Sim, a Igreja participava desses processos, mas seus objetivos principais — embora haja exceções e equívocos — não eram obter ganho territorial ou riqueza para a matriz, e sim plantar igrejas, expandir o evangelho e exercer influência eclesial.
Algumas vertentes cristãs, principalmente na visão evangelística de certos católicos na Idade Média, tratavam a cultura — e não o evangelho — como um mediador, como se os costumes e tradições espanhóis, portugueses etc. tivessem algum poder para levar à verdadeira fé. O problema é que não existe poder transformador de vidas em pregar uma cultura, mas sim em pregar o evangelho. Quando pregado, é claro que ele produzirá conflitos na sociedade atual, mas não destruirá a beleza peculiar daquela expressão étnica, que poderá ser convertida e usada para o Reino de Deus. Essa diversidade não é má em si mesma; pelo contrário, a cultura será transformada para adorar de forma correta, redirecionando-se a Deus, excluindo aquilo que estava relacionado a ídolos e produzindo uma adoração variada em timbre, cores e modos — mas todas centradas em Cristo.
Entretanto, é importante salientar que a colonização de civilizações bárbaras era algo necessário. Os grandes impérios europeus sabiam que seus métodos de vida, produção e economia eram melhores, pois já haviam passado por aquilo. Conheciam a natureza, sabiam manipular e entender diversos processos químicos, físicos e biológicos, aprenderam a lidar com doenças, a resolver problemas e conheciam o verdadeiro Deus revelado — não opiniões ou aspectos da natureza personificados como divindades, mas a moral verdadeira. O colonialismo que roubava, matava e escravizava era totalmente errado, mas a colonização que apresenta, desenvolve e impulsiona é boa. Tanto que alguns dos países mais prósperos foram colonizados pelos europeus, como Austrália, Estados Unidos, entre outras nações que, se não fosse esse processo de desenvolvimento, estariam até hoje sacrificando seres humanos, sofrendo com a fome e com a falta de conhecimento.
Sim, infelizmente conflitos eram comuns, e os exploradores entravam em combate contra povos violentos presentes nessas terras. Mas esse processo era algo recorrente entre esses próprios povos. Não existiam nações puras, detentoras da terra desde o início; pelo contrário, povos indígenas, aborígenes, incas, maias eram povos que dominavam e eram dominados, invadiam e subjugavam outras culturas, tomando seus territórios há séculos. Foi justamente o processo de colonização que trouxe mais harmonia e menos barbárie para essas regiões. Se uma cultura melhor não impõe sua moral e verdade sobre outra, ela será subjugada por esta. Afinal, A não pode ser A e B ao mesmo tempo: alguma moral irá dominar — ou a dos índios, ou a dos colonizadores, ou então um sincretismo entre as duas.
Muitas pessoas, ao estudarem a história das nações, acusam as nações religiosas (principalmente na Idade Média) de praticarem abusos e violência contra superstições, de terem perseguido outras ideias, povos e religiões. E isso, afirmam, seria uma prova de que o extremismo religioso causou muito sofrimento e retrocesso. Entretanto, esse argumento é falho por diversos motivos. Primeiramente, o tal retrocesso é citado como: “Se a religião não tivesse suprimido experimentações da vontade humana, estaríamos muito mais avançados.” Isso é uma grande falácia, pois diversos povos como os romanos, gregos e demais pagãos da história — a imensa e avassaladora maioria dos povos da Antiguidade — eram libertinos, policulturais e aceitavam diversas aberrações tanto no campo sexual quanto nos campos sociais. Mesmo assim, não vimos um avanço social tão elevado nesses povos. Pelo contrário, o desenvolvimento da ciência, das universidades, da moralidade e das instituições democráticas só ocorreu dentro de uma cultura minoritária chamada cristianismo (e judaísmo).
Mesmo que alguém defenda que grandes gênios foram perdidos, que grandes teorias foram excluídas, devemos perguntar: a que preço? Isso são meras suposições, já que não temos como saber se determinados conhecimentos teriam existido. Mas, mesmo que tivessem, uma sociedade deveria vender sua moralidade em prol de avanços? Como sociedade, não concordamos com isso — é por isso que existem comitês de ética, direitos sociais etc. Não podemos sacrificar a saúde moral de uma nação em prol de qualquer ideia que surja à deriva.
O segundo ponto defendido pelos críticos é que a Igreja cometeu horrores na Idade Média, torturas e mortes cruéis daqueles que pensavam diferente. Entretanto, esse é um argumento de espantalho, generalista, que não se atenta ao que realmente acontecia. Vá hoje em notícias de crimes na internet e veja os comentários nas redes sociais. Veremos muitas pessoas (de esquerda e direita) defendendo prisão perpétua para alguns, falando coisas como “deveria morrer empalado”, “fulano merece conversar apenas na ponta do fuzil” etc. Mas pare e pense: isso era justamente o que ocorria na Idade Média — mas não com julgamentos arbitrários. Vocês acham que as bruxas estavam fazendo o quê? Falando palavras em latim numa floresta? Bruxas cometiam crimes horrendos, matanças, rituais... Todos esses crimes que hoje revoltam a internet. Diante disso, o que o reino — como responsável pela ordem — deveria fazer em relação às pessoas que apoiavam tais condutas?
Embora possamos indagar se as estratégias eram as melhores, e reconhecer que erros foram cometidos (assim como instituições cometem injustiças até hoje), precisamos compreender que a ordem e a segurança das pessoas estavam em jogo — e que o pensamento sobre justiça na Idade Média não é tão diferente do pensamento humano hoje.
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