É adequado o uso do Estado para impor os valores cristãos?
Nos tratados de teologia política modernos, o significado do Estado é compreendido de forma tanto negativa quanto positiva. De modo negativo, o Estado tem o papel de cumprir e fazer cumprir as leis, garantindo ordem e justiça no âmbito público. Já de modo positivo, ele é chamado a propor políticas públicas, promover o bem comum e incentivar o florescimento de virtudes sociais.
Dessa forma, o papel do Estado não se limita a conter o mal ou punir o crime, mas também a estimular o bem e criar condições para que a sociedade viva de maneira mais justa e harmoniosa. Quando se fala em um Estado que age segundo uma visão cristã, isso não significa impor valores religiosos de maneira autoritária, mas agir com criatividade e fidelidade à concepção cristã de justiça e bem-estar social.
Portanto, não se trata de "impor os valores cristãos", mas de reconhecer que a fé cristã oferece uma visão profunda sobre o que é o bem, a justiça e o verdadeiro cuidado com o próximo. Trabalhar segundo essa concepção é, antes de tudo, buscar o florescimento humano à luz de princípios éticos universais que encontram na fé cristã uma de suas expressões mais completas.
O Estado sempre impõe algo. Dessa forma, não vejo problema em um Estado de raízes cristãs. Mais uma vez, não falo de impor a religião cristã, mas de criar leis fundamentadas na ética e na moral cristã, o que não considero negativo. Afinal, nenhum Estado é verdadeiramente laico, pois todo governo precisa partir de pressupostos morais sobre o que é certo e errado. Essas métricas precisam se basear em algum padrão; ou as leis se fundamentam na moral cristã, ou em outra religião, ou ainda em uma concepção humanista que coloca o ser humano como centro moral.
Sendo assim, a pergunta é: é correto o uso do Estado? Em outras palavras, é correto utilizarmos meios políticos, como eleições, debates e participação pública, para defender leis e princípios morais baseados no cristianismo? Eu creio que não apenas é correto, como também necessário, afinal, os adeptos de todas as outras filosofias e visões de mundo já fazem isso constantemente. Todos lutam para que suas concepções morais sejam reconhecidas e transformadas em pautas públicas.
Palavras-chave: Estado cristão, teologia política, justiça cristã, bem comum, valores cristãos, política e religião, ética cristã, fé e sociedade

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