Lv 21 está Menosprezando os Deficientes Físicos?



 Por que em Levítico 21:18 Deus dá recomendações contra deficientes físicos?


"Pois nenhum homem em quem houver alguma deformidade se chegará: como homem cego, ou coxo, ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente compridos." (Levítico 21:18 - ARC)

Percebam que Deus em nenhum momento diz que os deficientes são indignos ou desprezíveis. Eles podiam comer do pão, partilhavam dos direitos de todas as leis mosaicas, e eram considerados dentro da comunidade de Israel. O fato de poderem comer do pão do Santíssimo Lugar demonstra que continuavam a usufruir dos direitos da linhagem sacerdotal de Arão. O que Deus estabelece nesse trecho é quem e como deveria ser o sacerdote que oferecia os sacrifícios a Ele.

Não eram apenas os deficientes que não podiam exercer o sacerdócio, mas qualquer um que não fosse da linhagem de Arão. Além disso, mesmo dentro dessa linhagem, era exigida perfeição física. O altar era considerado puro, e todas as doenças e deformidades da carne são consequência da queda do homem e do pecado no mundo.

Alguns interpretam essa regra considerando que o sacerdote se dedicava inteiramente ao Senhor e que, ao oferecer sacrifícios, não se sacrificava um animal com defeito, pois isso poderia ser visto como uma oferta inferior. Da mesma forma, um sacerdote deveria ser sem defeitos, simbolizando a santidade e pureza exigidas para representar o povo diante de Deus.

No entanto, após o sacrifício de Cristo, o véu que separava o acesso direto a Deus foi rasgado. Hoje, podemos nos aproximar do Senhor sem essas restrições físicas, mas sim com um coração quebrantado, pois Jesus cumpriu de forma perfeita todas as exigências da lei.

Outra questão a ser considerada é que os deveres sacerdotais envolviam diversas tarefas físicas complexas, como sacrificar animais, transportar elementos do tabernáculo e realizar rituais específicos. Em um tempo com pouca acessibilidade, um coxo, um cego ou um anão teriam dificuldades para cumprir tais funções. Assim, as regras de Levítico tinham um propósito funcional e simbólico dentro da antiga aliança.

Além disso, a exigência de perfeição física no sacerdócio também apontava para Cristo, o verdadeiro sumo sacerdote, que seria perfeito em todos os sentidos.

Hoje, muitas empresas não colocam pessoas com certas limitações em cargos que exigem esforço físico ou representação principal porque entendem que isso poderia prejudicar tanto o profissional quanto o serviço. Isso não significa que essas pessoas tenham menos valor, apenas que não estão na melhor condição para aquele trabalho específico.

Na época, essa visão era revolucionária. Outras culturas antigas matavam crianças deficientes, mas Deus instruiu Israel a cuidar dos deficientes. É contraditório criticar a moralidade bíblica sem reconhecer que foi essa mesma moralidade que ensinou o mundo a valorizar e proteger os mais vulneráveis.

Resumo

Deus não excluiu os deficientes da sociedade, nem os privou de direitos, da lei ou da salvação. O texto de Levítico trata exclusivamente do sacerdócio e não de um valor intrínseco dos indivíduos. Até hoje, em qualquer sociedade, certos cargos exigem critérios específicos sem que isso seja considerado discriminação.

Por fim, a bondade de Deus para com os deficientes é reafirmada em um mundo que frequentemente os ignorava. Diversos versículos bíblicos mostram como Deus exigia que os vulneráveis fossem tratados com justiça e dignidade:

"Não amaldiçoarás ao surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas terás temor do teu Deus. Eu sou o Senhor." (Levítico 19:14 - ARC)

"Maldito aquele que fizer que o cego erre do caminho! E todo o povo dirá: Amém!" (Deuteronômio 27:18 - ARC)

"Morava, pois, Mefibosete em Jerusalém, porquanto de contínuo comia à mesa do rei; e era coxo de ambos os pés." (2 Samuel 9:13 - ARC)

Diferente das filosofias naturalistas da sobrevivência do mais forte e das teorias eugenistas, a visão cristã de mundo sempre reconheceu o valor dos deficientes e seu papel na sociedade.

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