Filhos não faziam parte do plano inicial?


 

Filhos não faziam parte do plano inicial?


Dias atrás, vi uma publicação de um suposto teólogo defendendo que filhos não faziam parte do plano original de Deus para a humanidade. O argumento era de que, como o Éden era um local limitado, a reprodução inevitavelmente levaria à superlotação, forçando o ser humano a sair de lá — especialmente considerando que os primeiros viviam muitos e muitos anos. Essa linha de raciocínio, embora criativa, carece de base bíblica sólida e de coerência com a revelação das Escrituras.

A primeira coisa que me chama atenção é: quem disse que o Éden era um lugar limitado? Onde está isso na Bíblia? O Éden, conforme a narrativa de Gênesis, era um lugar especial, fértil, abençoado, localizado em uma região do Oriente Médio, onde se encontrava a árvore da vida. Mas não há menção de que seus limites territoriais fossem impeditivos à multiplicação da humanidade. Não há nada dizendo que, ao se multiplicarem, Adão e Eva não pudessem se expandir e ocupar outras regiões da terra, inclusive com acesso à presença de Deus, caso continuassem obedientes.

Pelo contrário, o que lemos em Gênesis 1.28 é um mandato direto do Criador: "Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra..." — ou seja, a ideia de filhos não só estava presente, como era parte do plano divino desde o princípio. O ser humano foi criado para refletir a imagem de Deus, e isso inclui gerar vida, expandir a criação e exercer domínio sobre ela como mordomo. Nada no texto aponta que a reprodução seria um erro ou um improviso.

É verdade que, após a queda, a terra foi amaldiçoada por causa da desobediência do homem — mas isso não significa que o restante da terra não pudesse ser abençoado como o Éden, caso o homem permanecesse fiel. O Éden era especial, sim, mas não era o único lugar habitável ou sagrado. O problema foi o pecado, que gerou a separação, não a quantidade de filhos que o casal teria.

Além disso, mesmo antes da queda, Deus sabia de tudo que viria. Ele é soberano. Cristo é o Cordeiro morto antes da fundação do mundo, e isso nos mostra que Deus, em Sua onisciência, já havia traçado o plano completo, incluindo o papel dos filhos, das gerações, da descendência. Dizer que filhos não faziam parte do plano inicial é ignorar a soberania e presciência divina. É como afirmar que a cruz foi um plano B — o que, teologicamente, é um erro grave.

Ao longo de toda a Bíblia, filhos sempre foram tratados como bênção, herança, promessa. Sara, Rebeca, Raquel, Ana… todas sofreram por não poder gerar, pois sabiam que os filhos eram presentes do Senhor. O próprio Deus se apresenta como Pai, e a figura da paternidade permeia toda a Escritura como símbolo da relação entre Criador e criatura. Nada na tradição teológica ou nos textos bíblicos sugere que gerar filhos tenha sido um erro ou um “problema logístico” no jardim. Essa ideia parece muito mais uma tentativa de racionalizar o texto com base em limitações humanas, do que uma interpretação fiel ao que está revelado.

Portanto, afirmar que a humanidade não deveria ter filhos no plano original é uma especulação perigosa, que contraria o texto bíblico, a lógica da criação e o caráter do próprio Deus. Gerar filhos é uma expressão do amor criador de Deus na humanidade, e sempre foi parte do plano divino — tanto no Éden quanto fora dele.


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