QUEM É O MACHO ALFA?
Davi cortou a cabeça do gigante, derrotou inúmeros exércitos, sobreviveu em cavernas e destruiu reinos inimigos. Era um homem forte, valente, admirado por muitos, mas uma mulher bonita o derrotou. Quando viu Bate-Seba, nenhuma espada, nenhuma barba longa, nenhuma força física, nenhuma frase de efeito ou livro o impediu de seguir o desejo impuro diante de uma bela mulher que se banhava. Ele escolheu ouvir seu coração e não ao Senhor. Com José, no Egito, foi diferente. Ele já havia perdido sua dignidade, não tinha barba, estava na casa de um egípcio (veja Gn 41.14), não tinha arma, não havia vencido nenhum exército, nada indica que soubesse brigar, afinal não resistiu quando seus irmãos o capturaram. Provavelmente estava vestido e pintado como um egípcio, mas quando foi tentado pela mulher de Potifar, que certamente era muito bela também, ele resistiu. José não tinha nada, mas tinha tudo, pois estava com Deus. Mesmo o menor dos escravos se torna um gigante quando luta contra o próprio coração. José correu para longe da mulher, Davi correu atrás dela. José como servo foi mais forte que Davi como rei.
Tudo isso para mostrar que toda essa pose de “macho alfa”, tão popular nas redes sociais, significa quase nada. Um homem não se prova por músculos, armas, roupas, carros ou bebidas, mas quando enfrenta a tentação e vence. Nossa confiança não está em nós mesmos, e é por isso que soa tão estranho ver tantas páginas falando sobre masculinidade bíblica enquanto exaltam símbolos externos como comidas, charutos, cerveja, roupas ou estética. O exemplo de masculinidade não é Rambo, mas Jesus. A Palavra é eficaz, Deus é soberano. Há muito “macho alfa” que cairia diante de um belo corpo como Davi, e há muito jovem franzino que resistiria como José. Podemos admirar estilos de vida e até praticar algumas dessas coisas, é óbvio, mas jamais devemos confiar nisso como evidência de fortaleza masculina.
O homem é provado no íntimo, e nenhuma página de Facebook é capaz de sondar nosso coração. Quem respeita Potifar não precisa matar Urias. A honra é do Senhor. Esses simbolismos externos da masculinidade, como rusticidade, coragem, separação clara entre homens e mulheres, têm seu valor, sim, especialmente para afastar rapazes da delicadeza feminina que a cultura atual insiste em normalizar. Mas é preciso entender que, se o coração não for guiado pelo Espírito Santo, de nada adianta a casca. Muitos homens estão fazendo a parte externa, mas sem agir como homens bíblicos. Sem um coração transformado, a aparência será apenas isso: aparência. Nossa cultura e nossa forma de viver precisam testificar quem somos de fato.
Então, afinal, o que é ser “macho alfa”? É tomar a frente quando necessário, é se sacrificar pelo bem do outro, defender o mais fraco, ser forte quando ninguém mais tem coragem, falar o que ninguém quer ouvir, lutar quando todos desistem, não se entregar, preferir cair lutando do que viver como covarde, ser bom quando ninguém é, ser fiel quando todos se corrompem, assumir responsabilidades mas nunca confiar na própria força. Para aprofundar nisso, recomendo inclusive leituras sobre masculinidade bíblica, como os livros da coleção Família de Douglas Wilson, que tratam do tema de forma mais consistente.
O grande erro nesses discursos atuais sobre masculinidade é a hierarquia dos objetivos. Nunca confie na sua carne. Um homem de verdade não pode deixar que sua masculinidade o domine, mas deve submetê-la sempre a Deus. Até quando vamos reduzir masculinidade a elementos externos? Você pode ter a barba mais imponente do mundo e continuar sendo um menino. Masculinidade não está nos pelos, mas na coragem. Você pode jogar videogame e ainda ser um grande homem. Não depende de jogos, mas do respeito às mulheres. Você pode usar terno e gravata e continuar sendo infantil, como também pode usar camisetas simples e ser um homem honrado. Artes marciais, clubes de tiro, hábitos rústicos, nada disso garante maturidade. Ser homem não depende de atividades isoladas, mas de toda uma vida usando a força a serviço do bem.
Vejo muitos jovens caindo em extremos equivocados, tentando reagir ao zeitgeist andrógeno atual, mas sem compreender que não basta rejeitar a feminilização cultural, é preciso desejar ser homem do jeito certo. Alguns escondem falhas, inseguranças e pecados atrás de uma casca de dureza, uma máscara de “macho”. Porém, o pecado da preguiça, da omissão e da covardia apenas muda de forma e se apresenta como ignorância, desrespeito, futilidade ou agressividade. Esse papo de macho alfa não pode ser desculpa para falta de caráter.
Essa casca, no fundo, é explorada pela indústria. A publicidade vende uma imagem de homem forte, como se fosse possível comprar masculinidade em roupas, charutos ou símbolos de status. O mercado sabe da ânsia por masculinidade e por isso oferece “novidades para macho”, enquanto muitos acreditam que se tornaram mais viris só porque compraram algo. Mas se você precisa colocar a palavra “masculino” em um produto, desconfie: provavelmente aquilo não foi feito para homens.
Não lute por dominância, por preferência sexual ou poder, como pregam muitos perfis de masculinidade. O termo “macho alfa”, tão usado hoje, foi emprestado da observação de alcateias, onde, na verdade, o macho alfa é aquele que assume o cuidado das famílias, protegendo e sustentando sua prole. Portanto, ser homem não é agir de maneira animalesca com frases de efeito, mas se entregar pela família que Deus colocou em suas mãos. Quer ser alfa de verdade? Ame sua esposa, crie seus filhos, sustente sua casa, cuide com toda a força da “alcateia” que o Senhor te confiou. O resto passa rápido.
Se você está no caminho errado, voltar atrás é progresso. Essas frases marrentas que exaltam a arrogância e tratam a humildade como fraqueza não são cristãs e não representam o propósito de Deus para o homem. Ser homem de verdade é proteger, guiar, assumir responsabilidade. Um verdadeiro “alfa” não é o mais duro ou o mais implacável, mas aquele que tem coragem e honra, aquele que pode ser confiado em tempos de crise. E o caminho certo não é outro senão Cristo.
Tem muito homem hoje se julgando alfa por aí, mas que foge do dever de se casar, de ter filhos, de formar família. Pais de pet não substituem pais de verdade. É preciso entender que masculinidade natural é sacrificada quando a responsabilidade é trocada por conforto. Parem com esse papo reducionista de alfa e beta. Homens não são animais, não somos selvagens. Essas classificações são ilusões criadas por uma cultura que trata homens apenas como instrumentos de prazer. Chega dessa onda de cursos, de frases genéricas com wallpapers de séries, de estoicismo de modinha com avatar de elmo espartano. A verdadeira hierarquia não é a dos cães, mas a de Cristo.
O macho alfa de verdade é aquele que, como José, vence o coração. É aquele que, como Cristo, entrega a vida pelos outros. É aquele que, quando tudo falha, permanece firme.
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